Longevidade: morre em Goiânia, aos 76 anos, Beto Villa Verde, uma das pessoas com Síndrome de Down mais longevas do Brasil

1 de dezembro de 2025 às 10:50

Beto superou em cerca de 15 anos a expectativa de vida média de pessoas com síndrome de Down, estimada em 60 anos nas duas últimas gerações.

José Roberto Monteiro Villa Verde faleceu na última sexta-feira, 28 de novembro, aos 76 anos, em Goiânia. Conhecido como Beto, tornou-se um exemplo de longevidade entre pessoas com síndrome de Down, ultrapassando significativamente a média nacional. O corpo foi velado na Primeira Igreja em Goiânia e sepultado no Cemitério Parque Memorial, na GO-020, saída para Bela Vista.

No Brasil, segundo dados da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, há uma crescente busca por tratamentos precoces, estimulação cognitiva e acompanhamento clínico contínuo, fatores que têm contribuído para a longevidade da população com a condição. Profissionais da área reforçam que o fortalecimento dos vínculos familiares e a inclusão nas atividades sociais também desempenham papéis decisivos.

Nesse contexto, a história de Beto se torna ainda mais relevante. Segundo a irmã, Ângela Villa Verde, ele esteve inserido na rotina da família durante toda a vida.

Para Ângela Villa Verde, irmã e principal cuidadora de Beto ao longo da vida, o afeto diário foi um dos pilares dessa trajetória. “Ele sempre participou da nossa vida, do nosso cotidiano. Ele participou de todas as coisas. Eu o levava para o shopping, nós viajávamos, e onde eu ia ele estava sempre comigo. Isso foi muito importante para ele, por ser tão amado e respeitado durante todo esse tempo em que esteve sob os meus cuidados.”

Além disso, Ângela reforça como a convivência transformou também sua visão sobre as relações humanas. “Na verdade, eu aprendi muito com ele, sabe? Aprendi a fazer uma leitura de um menino com síndrome de Down, um menino de 76 anos. Ele era extremamente amoroso, e isso também me ajudou a me aperfeiçoar como ser humano. Sempre houve a importância da família de aceitar, de acolher e de amá-lo exatamente como ele era.”

Ao recordar o irmão, ela destaca o traço que melhor representa sua personalidade: a capacidade de amar. Para ela, Beto foi bênção para a família, mantinha sentimentos genuínos e espontâneos, independentemente da idade. A pureza com que vivia as relações emocionais comovia a todos ao redor.

Beto Villa Verde representa um importante olhar sobre a inclusão de pessoas com síndrome de Down. Sua vida evidencia que o avanço da medicina, aliado a ambientes que promovem respeito e acolhimento, pode ampliar a expectativa de vida e contribuir para que ela seja mais plena e digna.